quarta-feira, 8 de setembro de 2010


Fugindo completamente de qualquer assunto citado neste blog, escrevo esse texto à meia noite de quarta feira. Infelizmente, a qualidade do texto não resgata a dos antigos, e sim, segue decaindo como os recentes.


Estou enjoado de erotismo barato: Aquele que custa (contraditóriamente) caro, de mulheres "perfeitas", aquele que usa photoshop, videoshop, ou o que quer que seja para retirar as necessárias celulites. Aquele do sexo sem história, da mulher que geme sem prazer, das mega-produções pornograficas. Não há formula da mulher "gostosa", não há centro da beleza. O que há são conceitos subjetivos, ora. Há quem ache até mesmo uma criança sexualmente atrativa (sim, isso é desprezível...).

Estou enjoado da Playboy, do redtube, das brasileirinhas, das mulheres de silicone na bunda e peitos. A sexualidade, na sociedade, e especialmente na mídia, segue o caminho da vida: Assim como a vida é uma busca por felicidade total e utópica, a busca do sexo parece correr em direção a um eterno orgasmo, intenso e inexiste. Contentem-se com o possível!
Ainda que Larissa Riquelme esteja NUA, insinuando-se em fotos no computador, não tenho nem ao menos uma ereção ao vê-la. Algo está errado, ou comigo ou com ela!


A mulher que vi na esquina, cheia de defeitos e virtudes não existe na playboy , e nunca foi convidada para estrelar um pornô. Quem está lá, na revista, não é uma mulher, é uma imagem. A mulher que tirou as fotos vive sua vida normalmente, tem lá seu marido, namorado, ou o que quer que tenha. Aquela imagem, não. A imagem é poligâmica e pervertida, ninguém pode controlá-la. A imagem é a mulher que você ama e deseja loucamente, aquela com quem você quer deitar-se (nunca fui tão formal quanto ao escrever "deitar-se") todos os dias de sua vida, mas ela NÃO EXISTE. E mais: Se existisse ainda daria pra todo mundo (perdão pela vulgaridade, foi para compensar o "deitar-se"). E você, orgulhoso com seus cornos imaginários, a deseja. E as feias a invejam, e as velhas a criticam, e você entra no EGO.com para saber da vida daquela desalmada foto.

Eu queria uma playboy das mulheres que vejo pelas ruas da cidade. queria conhecer os defeitos e as qualidades daqueles corpos que são tocáveis, pálpaveis e existentes. Queria conhecer as minúcias de seu íntimo e saber do que mais gostam. Erótico pra mim é aquele detalhezinho anatômico que você percebe. Ali, ao vivo, seja na cama, seja quando vê uma mulher no ônibus. Ele é real, está presente, sem photoshop, com ou sem silicone, e é melhor que o redtube, melhor que a playboy, e melhor até mesmo, acredite ou não, que a Larissa Riquelme e o celular entre seus silicones (ela não é tão boa, ela ronca!)

Não estou exagerando, olhe à sua volta: Aquela sua vizinha feia pode ter um belo par de pernas. A tia da cantina pode ter olhos lindos. Sua professora cinquentona pode ser uma especialista em assuntos de cama e o sexo entre ela e o marido, idoso, pode ser melhor do que o sexo que fazes, solitários, com aquela foto, com aquele video. Pode ser melhor que transar com aquela mulher que vês no computador ou na televisão. A estética esteoripada NÃO levará ninguém a um gozo amplo e eterno.

Arnaldo Jabor, em uma das crônicas de seu livro "Amor é prosa, sexo é poesia" disse, à sua maneira, a qual não me recordo (motivo da falta de aspas para sua citação): Pasmem, enjoei até mesmo de bunda.
Eu, do alto de minha admiração pelo corpo feminino, proclamo: "Ratifico suas palavras, Arnaldo, e retifico: Enjoei dessas bundas que não existem".