segunda-feira, 19 de setembro de 2011

caralivro

Eduardo estava sentado na beira do mar, era uma tarde de quarta feira e ele matava aula. Poder estar à beiramar, sentado, trazia uma sensação de liberdade que fez valer a pena ter lutado contra seu computador até conseguir abandoná-lo, aos prantos (o computador), e ter batido a porta do quarto ouvindo os soluços de tristeza.


domingo, 4 de setembro de 2011

Eu e a nuvem

Eu e a nuvem

Vento,
vem tu e leva a nuvem
(vã sentinela - sentinelando nada)
sinto nela uma falta de sentido,
já que no ir e vir vão do vento
só vai e vem, nada mais.

Nuvem,
não tens vontades (eu tenho)
não tens virtudes (também)
flutuas vã e vais p'ra onde o vento vai
(eu vou para onde o vento vai).
Existes, núvem, nada mais; eu, sobrevivo.


Tenho muitas semelhanças com uma nuvem, mas também tenho diferenças. Não corremos atrás de objetivo algum, só ficamos flutuando ao sabor do vento (que expressão mais clichê "ao sabor do vento", mas não consegui fugir dela).
Por outro lado a núvem é um objeto inanimado. Menos que isso, é uma união gotículas d'água suspensa. E eu sou um cara de 21 anos. Ela pode flutuar lá, bem tranquila. Eu deveria correr atrás de alguma coisa. Mas é tão confortável ir pra onde o vento me empurra que não consigo fazer nada senão torcer pra que ele me leve no lugar certo.

O que já me leva a pensar que faço o que faço e sou como sou porque o mundo me fez ser assim. Portanto, se o mundo é meu "vento" figurado, todos seguimos o vento, já que nada além do mundo pode modular nossas ações (sendo que nosso cérebro faz parte do mundo). Mas isso é papo pra mais de hora... E é algo com o qual poucos iriam concordar, então acho que é mais legal publicar uma poesia que diz mais ou menos isso, já que ela abre margem para interpretações distintas, a poesia é muito mais criação de interpretação do que uma leitura de uma idéia pronta.

http://m0thyyku.deviantart.com/ - pela foto das nuvens

Pessoa, Fernando

Tchau rima, tchau métrica. Gênios não precisam disso. Se os quatro primeiros versos não forem suficientes e seu saco de paciência for grande, tem a poesia completa clicando em "ver postagem completa". Vale a pena.


TABACARIA
Álvaro de Campos
(heterônimo de Fernando Pessoa)


Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

TENHO POUCO A DIZER...

...porque a rotina é chata e não me deixa observar um pouco o mundo. Por hora. Desculpa, Mário, pelas utopias de um preguiçoso:

Das Utopias

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Com muito esforço me faço esquecê-las.
Fecho a janela pra não ver lá fora...
...a presença agoniante das estrelas







Esse texto é uma sátira, releitura, ou qualquer que seja o eufemismo para cópia de Das Utopias, de Mário Quintana. Numa visão de quem muito fala e pouco faz, esperando em vão que o muito que fala motive os demais a fazerem. Se querem ler a original (não a viram no facebook de sua amiga sentimental), procurem no google

quinta-feira, 31 de março de 2011

as coisas como elas são


As coisas são como são e serão como serão. Não é destino, é fato. Não há como mudar: Qualquer tentativa de mudança dos fatos faz com que a mudança seja o fato, e nada mais ocorrerá senão ele próprio. Não está escrito, repito, não é destino: AS COISAS SÃO COMO ELAS SÃO E SERÃO COMO SERÃO. Ninguém há de gostar disso, mas hão de aceitar.
Infelizmente. Sei que você não gosta, eu não gosto. Na verdade, ninguém está plenamente satisfeito. Se está, deixo meu sentimento ao comodismo alheio.
Todo adeus tem um quê de até logo.
Todo.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Meu medo e o picolé derretendo


Meu medo

"O grito" de Munch

Procurar não se prender a conceitos que não são intrínsecos do universo prejudica o entendimento do mesmo: As palavras, por serem somente símbolos, e nunca representação perfeita de algo existente, muitas vezes, acabam por nos enganar.

Eu tenho medo de morrer, quase todos têm. Mas meu medo não é somente daquele destino em cujo os céticos creêm, de que ao se morrer, acaba "tudo" e um eterno "nada" ocorrerá com nossa "vida" (ou nossa consciência? Alma?). Tenho medo do post-mortem católico também: Uma eterna vida no "Céu", feliz ao lado de "Deus". Ou o conceito budista de meditar eternamente ao lado de Buda. Pois nessas três teorias, há algo em comum: A "vida" (ou o "nada") após a morte é eterna.

A vida é efêmera, e por isso gosto dela. A eternidade me causa arrepios, é meu maior medo: Viver ETERNAMENTE, perdendo-se no tempo, sem significado, vagando PARA SEMPRE. Acho que não pensamos muito no PARA SEMPRE. É um conceito abstrato sobre outro conceito abstrato que é o tempo. O PARA SEMPRE não são 100 anos, não são 200. Eu gostaria de viver mil anos que fossem. Mas o ETERNAMENTE é sufocante. Se vivêssemos eternamente, fariamos tudo que é possível se fazer, infinitas vezes, sem objetivo algum, desesperando-nos por conhecer mais, por ver o desconhecido. É claro que um eterno NADA (não-existência de consciência) me assusta mais que uma eterna VIDA (no Céu(?), consciente), porém ambos são assustadores.

Não é a eternidade em si que me assusta (na verdade ela me intriga), e sim a eternidade da consciência. O maior medo que tenho é de ter, após morrer, uma consciência eterna e sem corpo após minha morte: PENSAR PARA TODO O SEMPRE, SEM TER UM CORPO, como um cérebro em um balde. Não por 100 anos, não por 200: PARA SEMPRE. Dia após dia aguardando em vão poder fazer algo diferente de PENSAR.

As palavras às quais nos prendemos fazem parecer que o homem teme a efemeridade da vida, mas pensando um pouco mais profundamente, temos medo mesmo é da eternidade, prisão que inevitavelmente se apresentará de alguma forma (seja em forma de "nada" ou de "vida"), pois creio, leigo, que o tempo no universo é infinito, e se não for, precisaria de um conceito tão abstrato que me assusta.




O picolé, a árvore a lâmpada




Começa
a inexplicável
vida, vazia em sentido.
Fardo de todos, pesado
Peça desprovida de ensaio
a qual é, antagonicamente,
longa, curta; alegre, triste.
É como a poesia, que vaza,
nas páginas limpas do livro.
Os livros parecem sem fim,
quando lêem-se os prefácios
mas escorrem com o correr
dos olhos.
A vida
é feito
Poesia


A vida,
palavra vazia,
ávida por significado
para si e para tudo mais,
vai crescendo, escondida
no universo. E vai findando
aos poucos, bem poucos. E,
deixando de ser infinita, ela,
a vida, capítulo por capítulo,
derrete, vaza; sorrateira
escorre pela página
inteira
a vida
é feito
Livro


Ao fim
a vida, outrora
aparentemente eterna
reflete sobre ela própria:
Quem sabe se compreenda
numa lógica idéia, Escorre
não na página do livro,
não na rima do poeta;
no universo, enfim,
já que é vida,
ela derrete.
A vida
é feito

picolé
no Sol

E no derreter, quem sabe, terá uma idéia do sentido que ela mesma teve.



Que bonitinho, uma poesia com forma. O outro texto está um pouco mal-escrito e sem revisão alguma (são 5:00 e acadei de escrevê-lo), mas acho interessante a idéia de que temos medo da coisa errada, e apavorante a parte que fala sobre o que MAIS TENHO MEDO. uuuuhhhh

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Cedo ou Tarde (nada de Nx |Zero)

Construi o texto abaixo em minha cabeça esses dias enquanto estava dirigindo. Como não tinha onde anotar, gravei em vóz no meu celular. Só lembrei disso hoje, e ouvi o que tinha gravado. Me causou uma grande vergonha, estranhamente alheia (mesmo se tratando de mim) ao imaginar o rapaz gravando uma poesia em um celular, sozinho em seu carro, pra se lembrar depois. Mas como gostei do que ouvi, vou postar aqui após um grande tempo parado.



Cedo ou tarde cedo


Vosmecê me seduz
deduz que cedo
-ou tarde
cedo

tardo;
mas cedo


ps: quase um nx zero misturado com macedo