quinta-feira, 31 de março de 2011

as coisas como elas são


As coisas são como são e serão como serão. Não é destino, é fato. Não há como mudar: Qualquer tentativa de mudança dos fatos faz com que a mudança seja o fato, e nada mais ocorrerá senão ele próprio. Não está escrito, repito, não é destino: AS COISAS SÃO COMO ELAS SÃO E SERÃO COMO SERÃO. Ninguém há de gostar disso, mas hão de aceitar.
Infelizmente. Sei que você não gosta, eu não gosto. Na verdade, ninguém está plenamente satisfeito. Se está, deixo meu sentimento ao comodismo alheio.
Todo adeus tem um quê de até logo.
Todo.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Meu medo e o picolé derretendo


Meu medo

"O grito" de Munch

Procurar não se prender a conceitos que não são intrínsecos do universo prejudica o entendimento do mesmo: As palavras, por serem somente símbolos, e nunca representação perfeita de algo existente, muitas vezes, acabam por nos enganar.

Eu tenho medo de morrer, quase todos têm. Mas meu medo não é somente daquele destino em cujo os céticos creêm, de que ao se morrer, acaba "tudo" e um eterno "nada" ocorrerá com nossa "vida" (ou nossa consciência? Alma?). Tenho medo do post-mortem católico também: Uma eterna vida no "Céu", feliz ao lado de "Deus". Ou o conceito budista de meditar eternamente ao lado de Buda. Pois nessas três teorias, há algo em comum: A "vida" (ou o "nada") após a morte é eterna.

A vida é efêmera, e por isso gosto dela. A eternidade me causa arrepios, é meu maior medo: Viver ETERNAMENTE, perdendo-se no tempo, sem significado, vagando PARA SEMPRE. Acho que não pensamos muito no PARA SEMPRE. É um conceito abstrato sobre outro conceito abstrato que é o tempo. O PARA SEMPRE não são 100 anos, não são 200. Eu gostaria de viver mil anos que fossem. Mas o ETERNAMENTE é sufocante. Se vivêssemos eternamente, fariamos tudo que é possível se fazer, infinitas vezes, sem objetivo algum, desesperando-nos por conhecer mais, por ver o desconhecido. É claro que um eterno NADA (não-existência de consciência) me assusta mais que uma eterna VIDA (no Céu(?), consciente), porém ambos são assustadores.

Não é a eternidade em si que me assusta (na verdade ela me intriga), e sim a eternidade da consciência. O maior medo que tenho é de ter, após morrer, uma consciência eterna e sem corpo após minha morte: PENSAR PARA TODO O SEMPRE, SEM TER UM CORPO, como um cérebro em um balde. Não por 100 anos, não por 200: PARA SEMPRE. Dia após dia aguardando em vão poder fazer algo diferente de PENSAR.

As palavras às quais nos prendemos fazem parecer que o homem teme a efemeridade da vida, mas pensando um pouco mais profundamente, temos medo mesmo é da eternidade, prisão que inevitavelmente se apresentará de alguma forma (seja em forma de "nada" ou de "vida"), pois creio, leigo, que o tempo no universo é infinito, e se não for, precisaria de um conceito tão abstrato que me assusta.




O picolé, a árvore a lâmpada




Começa
a inexplicável
vida, vazia em sentido.
Fardo de todos, pesado
Peça desprovida de ensaio
a qual é, antagonicamente,
longa, curta; alegre, triste.
É como a poesia, que vaza,
nas páginas limpas do livro.
Os livros parecem sem fim,
quando lêem-se os prefácios
mas escorrem com o correr
dos olhos.
A vida
é feito
Poesia


A vida,
palavra vazia,
ávida por significado
para si e para tudo mais,
vai crescendo, escondida
no universo. E vai findando
aos poucos, bem poucos. E,
deixando de ser infinita, ela,
a vida, capítulo por capítulo,
derrete, vaza; sorrateira
escorre pela página
inteira
a vida
é feito
Livro


Ao fim
a vida, outrora
aparentemente eterna
reflete sobre ela própria:
Quem sabe se compreenda
numa lógica idéia, Escorre
não na página do livro,
não na rima do poeta;
no universo, enfim,
já que é vida,
ela derrete.
A vida
é feito

picolé
no Sol

E no derreter, quem sabe, terá uma idéia do sentido que ela mesma teve.



Que bonitinho, uma poesia com forma. O outro texto está um pouco mal-escrito e sem revisão alguma (são 5:00 e acadei de escrevê-lo), mas acho interessante a idéia de que temos medo da coisa errada, e apavorante a parte que fala sobre o que MAIS TENHO MEDO. uuuuhhhh