domingo, 27 de dezembro de 2009

textos

Infância

A falsa crença na eternidade inutiliza relógios
mera decoração em pulsos infantis.
No impulso de crescer, ora, crescem
-as crianças-
e guardam em caixas tristonhas sua eternidade alegre
viram a ampulheta, até então estática
então, céticos, cegos, senis,
contam o tempo batendo pernas de ansiedade
e medo da ampulheta parar novamente.


.
Lembrança


Em uma tarde vazia, eu fazia planos de que já me esqueci, e me veio aquele cheiro (talvez perfume), por nem um segundo ficou e o tempo já parou. Franzi a testa, mordi os lábios, olhei pra cima tentando lembrar, mas não lembrei.
Nãããão! O tempo volta a passar e o cheiro simplesmente se vai sem me fazer recordar do que ou de quem era. Sorrio mesmo assim. Não sem antes dar um longo e quase doloroso suspiro.


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Madrugada




Atentos, os grilos e cigarras cantam
-para meus bons ouvidos-
sinfonias arrítmicas sem harmonia
A noite (quem sabe pra ouvi-los), aos poucos, silência

(a vida é quente e pesada debaixo do meu lençol)

Pesa, a vida, sobre meus ombros cansados
Cansa milhões de pobres mortais de tê-la
e ter de ouvir o silêncio noturno e as sinfonias patéticas
que tu, vida, nua em sentido, e as cigarras e os grilos
oferecem.

Viver cansa

Um comentário:

Anônimo disse...

Sobre o poema Lembranças: senti tudo o que eu sinto, à tarde de domingo, exposto por outra pessoa.