Eu não acredito no presente
Vivo o agora, esse ar estagnado
o calor sufocante de dar calafrio
e, fosse o caso, viveria o frio
porém, vivo o momento no quarto abafado
Outrora, fechei a janela, inutilmente
mas, ora, passou! E foi inútil!
E tal ocasião, indiferente e fútil
não existe senão em minha memória recente
E vai-se embora, cedo ou tarde,a memória
em caso de esquecimento ou morte
e não faço uso de minha sorte:
Não creio nem duvido de futura glória
Vivo somente a parede, alva e agora
mas que parece diferente a cada pedacinho de momento
e - quem diria - não me encontro no tempo
pois fogem-me milhares de segundos toda a hora
(O "agora" virou, da parede, adjetivo...
ironicamente abstrato como quase tudo
não sei se a cada segundo mudo
ou continuo aquele mesmo de meu arquivo)
Podia estar quente, mas é verão
mas... Espere! Sinto uma brisa, UM VENTO!
Aquele presente quente me fugiu 'num momento
e juntou-se o outono à minha solidão
E, só, registro o momento em arte
já que ele é fugidio, o apanho no ar
e o prendo na folha, ensino-o a voar
provando sua existência, em parte.
Outra parte, a que sobrou, é o que sou
não sou o AGORA. Sou como os restantes:
Ou futuro que virá (virá?), ou antes:
O passado que passou
*não gosto de coisa longa porque cansa de ler, mas tudo bem
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