segunda-feira, 5 de abril de 2010

"esse pessoalzinho de classe média tá muito iludido por TV, revista, etc.."

COTAS

O grande problema das atitudes erradas é que, muitas vezes, elas não são feitas de maneira mal intencionada. Quem quer acabar, por exemplo, com as cotas para alunos de escola pública em faculdades federais, realmente acha que:

1. Mesmo os estudantes de escolas públicas tendo estudado em escolas terríveis, poderiam ter-se esforçado mais e passado no vestibular concorrido com ele mesmo (que além de pagar mais de R$500,00 em um terceirão, ainda fez todos os cursinhos possíveis).

2. Acham injusto porque os pais, mesmo não sendo ricos, priorizaram a educação e pagaram escola particular para os filhos. Esses não sabem que uma escola particular boa é MAIS CARA que um salário mínimo. Quem recebe um ou dois salários mínimos teria de abrir mão de comer, morar, ter roupas, e de qualquer forma paga de lazer para dar conta da educação de UM dos filhos (estatísticamente, a pobreza, no Brasil, é acompanhada de certo excesso de filhos - com certeza, não intencional). Não ser rico é uma coisa, ser pobre, é outra.

Os filhos de quem não pode pagar uma escola particular não entravam na universidade. Sem ter um talento inato excepcional e evidente (grande maioria dos casos), não conseguem bons empregos. Não ganham muito mais que um salário mínimo e têm, também, mais de um ou dois filhos sem a mínima possibilidade de receber estudo decente. Portanto, sem o talendo inato, não passados pelos genes paternos, seguiam o mesmo caminho dos pais e avós.

É claro que, havendo um ensino público de boa qualidade, não haveria necessidade de implantar cotas. Mas ainda há: Violência nas escolas, possibilidade de ganhar (muito) mais que um salário mínimo com o tráfico, revolta social, falta de instrução dos pais, violência no local onde moram, entre outra centena de problemas para jovens de escolas públicas. São problemas que escancaram-se em locais pouco longe dos "apartamentinho na zona sul" (metafóricamente falando) onde moram os outros jóvens, NÓS, que não vemos nem vivemos tudo isso, e ficamos indignados porque "estudamos que nem um condenado por um ano inteirinho para nada! Para um BURRO fazer metade de minha pontuação e passar! Agora, mais um ano de estudo ou vou trabalhar na empresa do pai". Menos um ciclo de vidas sem razão em meio à violência, menos um ganhando um salário mínimo, sem possibilidade de ascensão, e tendo uma dúzia de filhos. Não há razão para reclamar.

*um grande amigo meu não passou no vestibular por causa das cotas e nem por isso ficou dando o showzinho burguês que se houve pelos cursinhos. E raspamos o cabelo dele sem queres porque esquecemos que existia cotas (HEHEHHEHEHE)

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