segunda-feira, 19 de setembro de 2011

caralivro

Eduardo estava sentado na beira do mar, era uma tarde de quarta feira e ele matava aula. Poder estar à beiramar, sentado, trazia uma sensação de liberdade que fez valer a pena ter lutado contra seu computador até conseguir abandoná-lo, aos prantos (o computador), e ter batido a porta do quarto ouvindo os soluços de tristeza.



Ao invés de construir pensamentos, desconstruia problemas do dia-a-dia: A prova de amanhã parecia mais distante, quase inexistente. As brigas com a mãe, a falta de dinheiro na conta... Era tudo como o som urbano da cidade, esquecido perante o inifinito azul e o som das ondas. Da desconstrução de seus pensamentos, Eduardo edificou um: Por que não, simplesmente, ficava pelo menos uma hora do seu dia escutando uma boa música, completamente relaxado e desconectado de todos os problemas? Tinha sempre ao menos uma hora do dia livre, e a melhor coisa que poderia estar fazendo nesta hora era, certamente, sentar-se à praia e refletir um pouco sobre temas mais profundos que fugissem do cotidiano cinzento do nosso herói.

"Por que?" pensava. "Por que passei todos esses dias sofrendo enquanto poderia estar nesse estado de 'Hakuna Matata'. Ao menos por UMA HORA. UMA MÍSERA HORA DO MEU DIA!?".
Eduardo viajava dentro de sua própria cabeça, divagando em idéias sobre a criação do universo e o quanto as coisas acontecem simplesmente porque acontecem. E que somos tão agentes do universo quanto as pedras, porém, temos uma forma de interação mais complexa que elas. Sim, "SOMOS COMO AS PEDRAS". GRANDE IDÉIA, GRANDE PERCEPÇÃO, meu caro herói. A praia o inspirava.

Eduardo não se conteve. Pegou o seu Iphone (o qual, até então, tocava uma setlist chamada "de boa"), conectou-se na internet através do 3G e entrou no facebook. Postou em seu mural algo muito profundo sobre pedras, humanos e quanto o tudo significa nada e, aos olhos da natureza, somos todos (humanos e pedra; Eduardo e grão de areia daquela praia) iguais.

E lembrou-se do porquê de não ter essa hora livre todos os dias para pensar. Maldita internet.

E perdeu o raciocínio, indo logo para sua casa descansar em seu laptop.
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Não que seja o objetivo do texto criticar este comportamente,  mas estou abrindo um paranteses aqui (figuradamente) para expressar minha indignação com os comentários do estilo "QUE FRIO HEIN", "QUE CALOR", "TENHO QUE ESTUDAR MESMO!" que habitam o Facebook. Pura merda, podem divulgar videos, música, fotos, reportagens interessantes, e querem contar da vida pra ver se recebem muitas curtidas? 'tazéloco né'.

http://blinxis.deviantart.com/ imagem da praia
http://deadly-wanderer.deviantart.com/ imagem do homem livro

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