domingo, 4 de setembro de 2011

Eu e a nuvem

Eu e a nuvem

Vento,
vem tu e leva a nuvem
(vã sentinela - sentinelando nada)
sinto nela uma falta de sentido,
já que no ir e vir vão do vento
só vai e vem, nada mais.

Nuvem,
não tens vontades (eu tenho)
não tens virtudes (também)
flutuas vã e vais p'ra onde o vento vai
(eu vou para onde o vento vai).
Existes, núvem, nada mais; eu, sobrevivo.


Tenho muitas semelhanças com uma nuvem, mas também tenho diferenças. Não corremos atrás de objetivo algum, só ficamos flutuando ao sabor do vento (que expressão mais clichê "ao sabor do vento", mas não consegui fugir dela).
Por outro lado a núvem é um objeto inanimado. Menos que isso, é uma união gotículas d'água suspensa. E eu sou um cara de 21 anos. Ela pode flutuar lá, bem tranquila. Eu deveria correr atrás de alguma coisa. Mas é tão confortável ir pra onde o vento me empurra que não consigo fazer nada senão torcer pra que ele me leve no lugar certo.

O que já me leva a pensar que faço o que faço e sou como sou porque o mundo me fez ser assim. Portanto, se o mundo é meu "vento" figurado, todos seguimos o vento, já que nada além do mundo pode modular nossas ações (sendo que nosso cérebro faz parte do mundo). Mas isso é papo pra mais de hora... E é algo com o qual poucos iriam concordar, então acho que é mais legal publicar uma poesia que diz mais ou menos isso, já que ela abre margem para interpretações distintas, a poesia é muito mais criação de interpretação do que uma leitura de uma idéia pronta.

http://m0thyyku.deviantart.com/ - pela foto das nuvens

2 comentários:

Anônimo disse...

nú vem flutua pra cá

Thiago Funk disse...

nu não tem acento (mas quando escrevi isso escrevi nuvem com acento tb he)