quarta-feira, 7 de julho de 2010


Bruno



Há alguns anos atrás (2005), o Internacional jogava contra o Atlético Mineiro, em minas. Após um primeiro tempo pouco movimentado, o Inter abriu o placar no segundo tempo com Tinga, após jogada de Elder Granja. Logo após, com o claro domínio o jogo, o Internacional pressionou o Atlético, chutando diversas bolas para o gol, todas salvas pelo jovem goleiro do Atético. O time mineiro chegou ao empate aos 32, com um gol de falta de Rodrigo Fabri. Ao fim do jogo, todos os jornalistas vão direto ao goleiro do Atlético Mineiro, um negrinho ainda muito jovem, que muito alegre dispara frases que incitavam certa curiosidade, "agora minha vida começou a dar certo", "a minha primeira grande alegria", entre outras. Bruno contou que, antes de se sagrar jogador e alcançar a posição de titular, fora abandonado pelo pai e tivera uma infância muito difícil, história não tão incomum entre os jogadores de futebol.

Há um mês atrás, aproximadamente, desapareceu uma mulher, identificada como ex-namorada, ou ex-amante do goleiro do Flamengo, Bruno. Sim, aquele mesmo que pegou tudo contra o Inter em 2005. A mulher, uma "modelo"que afirmou abertamente ter se relacionado com vários jogadores, apesar de não se considerar uma "Maria-chuteira". Afirmava ter ficado com Cristiano Ronaldo, além de vários outros jogadores que atuam na Europa, tendo frequentes telefonemas dos mesmos a chamando para sair. Com todo o respeito, uma prostituta por tabela.

Bruno não é somente um suspeito de tê-la matado, e sim, um foragido da justiça, com quase 100% de chance de ter alguma culpa no crime, que envolve um filho que tinha com a moça.

Uso esse exemplo pra explicar minha última postagem. Bruno é culpado? De acordo com a justiça brasileira, ele deve ter cometido diversos crimes mesmo que não seja o executor do provável homicídio. Porém, vamos aos fatos: Bruno nasceu negro e pobre, e seu pai o abandonou quando criança. Foi, provavelmente, alvo de preconceito, e, por morar na periferia de Belo Horizonte, deve ter tido diversos amigos que tomaram o caminho do tráfico e do banditismo. Ele jogava no Flamengo, onde seus companheiros faziam festas com traficantes, tiravam fotos com armas e presenteavam a mãe dos traficantes com motos. Além disso, o pai foi capaz de abandonar uma mulher com suas crianças, e 50% do material genético de Bruno provém desse indivíduo. Fator genético e meio não faltam para torná-lo um assassino em potencial. Não é uma desculpa para o "caso Eliza Samudio", é um fato.

Outros foram abandonados pelo pai, outros foram pobres, e negros, e marginalizados na periferia, e não se tornaram assassinos. Mas em outras circunstâncias. Se Bruno tinha carga genética e vivência para considerar o assassinato da mulher justo, já que a mesma não o deixaria ficar com filho, ou por qualquer outro motivo, a culpa é de sua carga genética e de sua vivência. Ou de quem seria? Dele? E o que é "ELE" além da genética e vivência? Se você, se EU fosse "ELE", faria diferente? NÃO! Porque o cérebro, e o jeito de agir e de pensar, seria EXATAMENTE igual ao dele. Não há um controle sobre o que fazer e pensar além do corpo (incluindo o cérebro), portanto, todos fariam o mesmo que ele (a não ser que você não fosse filho dos pais dele ou não tivesse crescido e convivido nos mesmos meios dele).

Bruno Fernandes, não por acaso, das Dores, tem de ser punido, mas tem meu álibi.
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Uma explicação do post anterior (que necessitará de posterior explicação)

O primeiro "eu" do outro post não comanda nada. É só o fato de eu mesmo ser esse corpo e ter a consciência nele. O corpo, é o segundo "eu" do outro tópico, e o corpo (incluindo o cérebro - e a consciência) é o que comanda TUDO o que faço e penso. O primeiro eu é só uma coisa que chamamos de alma, que significa que não vejo através dos olhos de outra pessoa e nem ajo através de suas mãos. Se eu fosse ela, seria IGUAL a ela, e faria tudo o que ela faz, e meu segundo eu seria ela.
Sei que parece incompreensível, mas pessoalmente consigo explicar, e no meu cérebro é muito claro.

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